Friday, September 22, 2006

Thursday, September 21, 2006


Animal Farm de George Orwell


Comenta o sentido da afirmação:

" Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros".
1.2. O Mundo pós - 9/11

Os atentados de 11 de Setembro foram um marco histórico, um verdadeiro siècle eclaire (fechar de Século). Após o choque das primeiras imagens, do "breaking news" que nos proporcionou o espactáculo da morte em directo, do horror e da perplexidade, uma histeria inundou os Estados Unidos da América. As televisões, ávidas do macabro, do horror e da demência associaram-se a uma fobia nacional em relação ao Islão e à possibilidade de novos atentados. Os jornais bombardearam a opinião pública com teorias conspiratórias, com ameaças de novos atentados alimentando uma histeria colectiva.
Em 1888, na cidade de Londres, um serial killer aterrorizava as noites de Whitechapel, Jack the Ripper deixou numa missiva à polícia as proféticas palavras "um novo século se inicia sob o meu nome", a carta tinha o seguinte remetente: "From Hell". Promunitória frase de Jack the Ripper, de facto um século de maldade, de crime se avizinhava - I Guerra Mundial, II Guerra Mundial, Holocausto Judeu, Guerra do Vietman, Guerra das Maldivas, Guerra da Ex-Jugoslávia, Guerra Fria, Massacres no Ruanda, e tantas outras -. O Século XX despediu-se com um brutal atentado que vitimou milhares de pessoas e que é ainda, passados cinco anos, uma ferida aberta nos Estados Unidos.

Passados cinco anos, acharam-se culpados, invadiram-se países, criaram-se novos conflitos, alimentaram-se novos ódios, aumentou a intolerância, confrontaram-se culturas e religiões, fortaleceram-se rancores e medos, hostilizaram-se diferenças, criaram-se novos inimigos, voltou-se a invadir. E no final de todo este processo de retaliação, longa, irracional, infundada, a soma é simples, uma exponêncial de mortes que não conhece idades, religião ou ideais.

Que nos trouxe de melhor a "resposta americana" aos atentados?
Cinco anos depois continuamos com medo, com dúvidas e com uma agónia indisfarçável, junte-se-lhe o embaraço de apontarmos o dedo a culpados que não são mais do que personagens num circo político.

1.1. O fim do American Dream.

Os atentados de 11 de Setembro foram um Siècle Eclaire - fim de século -. Um acontecimento catalizador da mudança de mentalidades e restruturação de um imaginário colectivo que tornara os Estados Unidos da America uma super-potência intocável. Os terríveis atentados destruiram a imagem de impermeabilidade e impunidade que os EUA haviam alimentado.
O Século XIX, marcado pelos avanços técnicos e tecnológicos, ergueram o icone do cientista, trajado de bata branca e rodeado de estranhos liquídos de cores relucentes que borbulhavam nos tubos de ensaio. O século do positivismo de Auguste Comte, das explicações cientificas, da Royal Society de Londres, dos prémios cientificos, de John Merrick (o Homem Elefante), dos inventos de Bell, Marconi e Edison, alimentara a crença de que a ciência permitiria ao Homem tomar as rédeas do seu destino. E. como anunciara um século antes o filosofo alemão Liebniz, a condição humana, nobre por natureza, conduziria o Homem para o melhor dos fins. O optimismo inundara um século de progresso e ordem, cientificidade e conhecimento. Construiram-se os primeiros aviões, barcos indestrutíveis, a linha de montagem, o modelo T da Ford. O século da ciência que permitiu sonhar o Homem com a conquista dos céus, pelos Zeppelins ou rasgar os mares com navios rápidos, luxuosos e indestrutíveis teve o seu siècle eclaire -fim de século - com um violento murro no estômago, um visceral golpe à fé no Homem. O Homem dos finais do século XIX e início do XX, assistiu horrorizado à queda do Hindenburg e à tragédia do TItanic.
Dava-se início a um novo século, tumultuoso, bélico - nas primeiras décadas duas Guerras Mundiais! -, aos poucos as clivagens ideológicas que separaram o Mundo em dois foram-se diluíndo, assistiu-se ao triunfo das democracias, ao neo-liberalismo capitalista. Timidamente o imaginário colectivo criava uma nova fantasia, um alicerce civilizacional, uma profunda crença na democracia e na representatividade, na lisura dos seus ideiais e no carácter protector que os estados democráticos assumiu em relação aos seus cidadãos. O sonho caiu... tal como no século anterior, um atentado cerca das 9.45 a.m destruíu a imagen de invenabilidade, de segurança. O presidente dos Estados Unidos voou no American Force One durante 15 horas, o terror, a perplexidade e o desconcerto tomou posse de um país sem rumo ou governo.

As torres gémeas que constituíam o complexo World Trade Center cairam, e nesse momento, acelarada pela histeria, a manipulação da opinião pública através da instrumentalização dos media, e a infundada resposta americana aos atentados, fez com que a derrocada das torres fosse um ícone que ficará gravado na memória colectiva, como símbolo de que naquele momento não só caiam as duas torres mas a crença no sonho americano, nas instituições democráticas, nos ideias de liberdade e igualdade.

Hoje olhamos para os Estados Unidos com outros olhos...